dias contados
1. Reviravolta ao mundo
Há uma calma hesitante quando a noite desce sobre o mar, o resquício de uma memória da infância quando as luzes do quarto eram apagadas pelos meus pais e eu ficava no escuro atenta às ténues sombras formadas pela luminosidade a marejar pelas frinchas da porta. O...
Prólogo 5. Uma conversa peripatética
Voltei agora a casa depois do encontro com o Silva. Ele estava à minha espera na Adega dos Frades, sentado na mesa habitual, junto à parede de azulejos gastos, com a bengala encostada ao tampo da mesa de madeira. Não te acontece sentires que estás a regressar à...
Prólogo 4. Regresso do passado
Tenho mais novidades, mas deixa-me acabar esta história antes que me escape qualquer detalhe. Já percebeste: foi uma noite que não pertence a este mundo. E o mais estranho ainda não tinha acontecido. Estava a tentar perceber como tinha ido parar ao meio da Rua dos...
Prólogo 3. Mareantes submergidos
Desculpa a nova interrupção, era o administrador do condomínio, veio deixar-me o regulamento do prédio – um texto denso e repleto de preceitos menores em papel. Só mesmo o típico apreço das formalidades exibido pelos titulares de cargos menores explica a sua...
Prólogo 2. Contingências na esplanada
Desculpa a interrupção, recebi uma chamada da minha chefe. Quer falar comigo, provavelmente para me despedir. É que ontem, depois de ela me mandar a mensagem, acabei mesmo por não lhe enviar o trabalho. Eu explico, deixa-me tentar retomar o fio à meada. Depois de ter...
Prólogo 1. O início já vai a meio
Desculpa a longa mensagem, mas tu és a única pessoa a quem posso contar isto. Estou a tentar seguir o fio da memória e sair deste labirinto mental em que caí ontem. Sinto-me emaranhada num início in media res, indecisa sobre o que precipitou os acontecimentos das...